26 de ago. de 2012

GREVE DAS FEDERAIS E CONJUNTURA NACIONAL


Estamos vivendo nos últimos três meses a maior greve da categoria docente nos últimos 10 anos e a maior ascensão do movimento estudantil desde muito tempo. Este processo se caracteriza pela crise mundial que finalmente tem seus reflexos no Brasil, e que faz com que o governo tenha uma grande retenção de capital, além de aumentar os gastos com os grandes banqueiros e capitalistas do país. Para reter a crise, o governo se utiliza da política de cortar gastos com a classe trabalhadora, com a educação, com a saúde, e com os gastos básicos para a população mais explorada para poder dar mais dinheiro aos ricos. Esse processo gera revolta em todos aqueles prejudicados: a classe trabalhadora e a juventude trabalhadora. Por isso, hoje temos um dos maiores ascensos dos trabalhadores nos últimos anos, contando com mais de 34 categorias federais em greve, e dentre estes os professores e técnico-administrativos das universidades federais.

O governo, no último período, apresentou uma proposta ao ANDES (sindicato dos docentes) que não condizia com a demanda apresentada pela categoria, ao contrário, trazia um aumento significativo, mas atacava ainda mais a carreira dos professores, o que fez com que o sindicato negasse a proposta. A contraproposta apresentada pelo ANDES também foi negada pelo governo a nível nacional, o que fez com que o esse dissesse que não iria mais negociar com esta categoria. Além disso, os servidores técnico-administrativos federais das universidades, que o ano passado fizeram uma greve cansativa e prolongada sem nenhum saldo econômico, terão um aumento de apenas 15% dentro de três anos. O governo, também, tem a política de não negociar com todas as outras categorias em greve, para terminar primeiro com a greve da educação e separar a classe trabalhadora, que no fundo tem um objetivo em comum: o fim da exploração.

Mas, então, não há nenhum saldo positivo nesta greve? Nacionalmente, todas as categorias tiveram um grande saldo organizativo importante, que arma a classe trabalhadora para outras greves e manifestações. Além do mais, a classe fez uma importante experiência com o governo, e houve um avanço na consciência geral, que hoje entende que esse governo faz ataques à classe trabalhadora e privilegia outra classe: a burguesia. Então, o saldo é positivo sim, na medida em que houve a experiência com o governo de frente popular e um avanço na consciência de toda a classe.

A UFRGS também teve avanços importantes, que se expressam em primeiro lugar por ser uma das universidades mais conservadoras de todo o país e ter entrado em greve. Além disso, a universidade rompeu com o sindicato pelego, e agora, o ANDES, que antes era minoria, começou a greve com 17 apoiadores, e terminou com mais de 200! Só com estes elementos já se pode caracterizar a greve como vitoriosa em nossa universidade.

Outro processo importante foi a formação do CNGE (Comando Nacional de Greve dos Estudantes), que foi impulsionada fundamentalmente pela nossa entidade a nível nacional, e que se tornou uma importante referência para os estudantes grevistas de todo o país. O Comando teve a função de trazer as pautas dos estudantes a nível nacional para o governo, e essa semana já estará negociando com o governo quais serão os saldos econômicos dos estudantes em todo o país. E este também é um processo vitorioso, pois foi ele que organizou os estudantes nacionalmente para lutarem por pautas conjuntas e que reuniu uma equipe centralizada em Brasília com o objetivo de pensar politica nacional e apoiar as greves federais.

A ANEL cumpriu um papel muito importante neste processo, foi quem impulsionou e levou adiante o comando de estudantes, e começa a se tornar referência em todo o país para todos aqueles que querem lutar ao lado da classe trabalhadora!

Agora, é hora de avançarmos nas pautas locais, de cada Universidade. A greve continua em curso no resto do Brasil e e luta, em defesa da qualidade na educação pública permanece.

Luane Landau ANEL-RS